30 dias sem Instagram =0

E ontem tomei uma importante decisão: ficar 30 dias sem Instagram. O que para muitas pessoas parece algo impossível de se fazer, mas para mim parece ser o próximo passo depois de deixar o Facebook há alguns anos e o Twitter no ano passado.

Estava me tornando uma influencer?

Bem, era o que parecia que estava acontecendo com o “hábito” constante de publicar estorinhas. O que eu não poderia ter imaginado é que após ter criado coragem para fazer isso, iria sentir tanta falta.

Para resumir uma história que é muito longa, comecei experimentando e no final da coisa toda estava fazendo estorinhas pelo menos 3 vezes por semana. Falei bastante sobre inteligência artificial e cheguei inclusive a mostrar um dia inteiro, hora por hora, inspirado no Casey Neistat. E ainda sai devendo para uma querida um texto sobre a importância de pessoas pretas continuarem blogando.

Estava familiarizada com as críticas às redes e também com a importância de ocupá-las. Fazendo com que me sentisse genuinamente conectada com as pessoas que acompanhavam meu perfil. E procurava fazer de cada estorinha uma oportunidade de contribuir com seu dia-a-dia.

Será que estava me tornando uma Influencer?

Eu só abria a câmera mas com o tempo…

…o que era um experimento acabou tomando um rumo inesperado. As pessoas estavam realmente acompanhando. E eu me sentia cada vez mais motivada a melhorar o conteúdo. Meu número de horas no aplicativo começou a aumentar. E nesse momento isso não era um problema.

Não eram tantas horas assim, afinal deixava que as coisas acontecessem naturalmente e bastava abrir a câmera. Além disso estava fazendo algo contra a intimidação e os gatilhos de falar em publico. Também não havia nenhum problema em prestigiar as pessoas que acompanhavam meu trabalho. Acompanhar o conteúdo dessas pessoas era uma oportunidade de aprender também.

Por um momento fiquei pensando o que deveria fazer. Começar a produzir roteiros, coisa para qual nunca tive talento… Ou simplesmente deixar a coisa fluir, abrindo as câmeras quando aparecesse algum pensamento relevante? Tudo parecia tão natural. E era. Talvez por isso as pessoas estivessem acompanhando.

Meu reino por uma dose de serotonina?

No começo tudo foram risadas, só que no final estava gastando 3h00 do meu dia nessa brincadeira. Que diga-se de passagem, foi pensada para ser assim. Você já percebeu que rolar o feed sem nunca chegar ao fim se parece com o mecanismo de uma máquina caça-níquel?

O problema é que para visitar o perfil das pessoas querias, acabei sendo expostas a conteúdo que eu não costumava ver antes. Afinal, o Instagram acabou adotando a recomendação de conteúdos sem que você precise ser amiga de quem o cria. Notei por exemplo que, se um amigo segue uma conta ou curte um conteúdo, você vai receber um recomendação sobre.

Tudo no algoritmo é pensado para ser tão viciante quanto as mais poderosas substâncias químicas, oferecendo doses de dopamina em troca do tempo que as pessoas gastam produzindo conteúdo e informação de graça para as grandes empresas o maior tempo possível.

Eu poderia estar viajando.

Mesmo sabendo de tudo isso não foi fácil tomar essa decisão. Consultando uma pessoa da geração alfa decidi ficar 30 dias sem Instagram para ver o que acontece. Deixei algumas estorinhas explicando minha ausência e vim embora.

Fazendo as contas, percebi que eu estava gastando quase metade do meu expediente só para rolar o feed. Ao todo quase 4 dias por mês. Um tempo que poderia ser gasto lendo, dormindo, estudando ou até mesmo viajando. Me parece muito mais agradável e produtivo do que trabalhar de graça para uma rede social, mesmo que as pessoas que estão nela sejam muito legais.

Esse é apenas o meu primeiro dia sem Instagram. E depois dos primeiros sintomas de abstinência, finalmente consegui voltar a escrever. A grande questão é como contar para as pessoas que continuar aqui se eu não estou lá? E o que fazer com um dos bens mais preciosos que temos, o nosso tempo, quando o mundo lá fora nos espera?

Vamos descobrir.

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