Meu primeiro triatlo. Parece algo muito pessoal mas na realidade tem um bando de gente em torno do mundo querendo fazer a mesma coisa. Os motivos são os mais variados. E as personagens que inspiram esse batalhão de pessoas vai desde freiras velhinhas e acima de qualquer suspeita, até o primeiro preto na prova mais tradicional do esporte no Havaí, Tiago Vinhal.
Por isso fiquei muito feliz e inspirada ao encontrar Latoya Shantall Snell que além da paixão pelo movimento, tem medo de nadar até em piscina e adora fazer blogs, inclusive começou a registrar sua jornada rumo ao triatlo. Somos quase gêmeas! Exceto pelo fato de que ela é uma ultramaratonista.
😍😍😍
Brincadeiras à parte, o que mais admiro nessa mulher é a sua capacidade de admitir seus medos, suas vulnerabilidades e suas potências. Como muita de nós Latoya precisa lutar sem descanso contra o dia seguinte, que ela realmente não sabe como vai ser. Quer algo mais humano que querer muito fazer um triatlo e ter medo de água? Isso faz a gente acreditar que tem esperança, que vai ser possível.
Que diabos eu estava pensando quando decidi fazer meu primeiro triatlo?
Latoya faz com que eu me pergunte que diabos eu estava pensando quando decidi fazer um triatlo e pior, contar para todo mundo sobre isso. A única resposta que faz algum sentido é que eu simplesmente não estava raciocinando direito 🤪🤪🤪 e tudo bem. Por isso demorou tanto tempo para conseguir escrever sobre meu primeiro triatlo de maneira coerente. E se a gente não consegue entender direito o que nos motiva a fazer algo, muito provavelmente não consegue chegar até o fim.
Mas foi nesse desejo maluco que não conseguia explicar que encontrei uma oportunidade de fazer algo que gosto e ao mesmo tempo me movimentar segundo minhas próprias vontades e não de acordo com aquilo que o mundo me dizia que eu deveria ser. Na realidade era isso ou era isso, porque não havia outras rotas disponíveis além de “alegrias desejáveis” como meu primeiro triatlo. Imagina no dia que eu conseguir mamãe!
Conheço muito bem o sofrimento e reconheço as poucas oportunidades que a vida nos oferece. A escrita foi a primeira, desde a infância. O movimento, ouvindo Irene Cara e assistindo Flashdance. Depois o trabalho intelectual como feminista. Por isso procurei abraçar a todas, ingenuamente. E ainda sigo tentando. E o triatlo metraz um pouquinho de tudo isso ao mesmo tempo. Quer algo mais divertido que treinar seu esporte favorito, pensar em como fazer isso e ainda vir aqui para escrever sobre essa treta toda?
A gente quer ver o cabaré pegar fogo
Com toda certeza é muito legal treinar por treinar, só que a gente tem uma formiguinha atrás do ouvido 😈😈😈 que adora ver o cabaré pegando fogo. Além de poder treinar, pensar e escrever sobre o triatlo, estava faltando um ingrediente nessa equação. Por muito tempo busquei um desafio que fosse capaz de me excitar o suficiente. Por exemplo, pensei em fazer o Desafrio de Ububici, a Maratona de São Paulo, 10K do Fim do Mundo. Mas nada me “tocava” de verdade sabe.
Não que eu seja uma atleta experiente, pelo contrário. Só que queria uma “prova” que tivesse significado. Nada que fosse um grande feito intimidador, mas um lugar que fosse conhecido. Nem precisava ser uma prova dessas muito sérias. Ainda tenho medo de água, anotem. Sei que seria uma maluquice tentar fazer uma coisa dessas em pouco tempo, sem grana e sem equipamentos adequados.
Durante esse tempo, me senti perdida sem uma cenoura no final do túnel. Então encontrei uma transmissão ao vivo de um treino. Foram 60 minutos de bicicleta e 30 de corrida. Pelo menos é o que eu disse no vídeo que está no nosso canal 😜😂🤣 no youtube. Já se inscreve viu.
Quando olhei meus registros para conferir, percebi que possivelmente me enganei. Então vou considerar como primeira meta um treino de transição. Algo “relativamente” simples e que é na verdade praticamente “impossível” pra mim hoje. Vou sofrer? Vou sofrer. Vou ficar acabada? Vou ficar acabada. Mas vai ser divertido pra caramba. E farei questão de fazer a pausa para o caldo de cana, claro.
Resumindo, essa é a proposta:
30K de bike + 3K de corrida = Caldo de Cana
Sem dúvida agora já sei onde quero chegar. Não é uma prova famosa, não tem medalha na linha de chegada mas é lá que mora meu coração. 🤸🏾♂️🤸🏾♂️🤸🏾♂️ Onde o vento faz a curva e a gente fica sem fôlego, com as pernas “toda cagada” e a cara completamente “derretida”, só para encurtar a definição de felicidade. Seja como for, se não for para ser divertido Usain, nem me chama.
A próxima pergunta é: como fazer isso?
Cenas do próximo capítulo.
Imagem: Pexel