Preocupada em praticar exercícios sem piorar a bulimia? Então vamos conversar. A primeira coisa que você precisa saber é que não deve começar um programa de exercícios se a bulimia não estiver sob controle. E deve interromper as atividades se tiver qualquer sintoma. Praticar exercícios sem piorar a bulimia é possível, mas requer cuidado e tratamento.
Alerta de gatinho – Bulimia
A bulimia é um transtorno alimentar que é bastante conhecido pelas estratégias que a pessoa doente usa para “comer sem engordar”. Isso acontece porque tudo o que a pessoa menos quer na vida é engordar. Esse é seu maior medo, por inúmeras questões como uma imagem corporal prejudicada ou efeitos da gordofobia, por exemplo.
Aconteceu comigo
Isso aconteceu comigo. Meu peso começou a oscilar quando entrei no cursinho vestibular e a partir de então, parece que nunca mais as coisas foram as mesmas. Em 6 meses acabei engordando 20 quilos e cada vez que tentava emagrecer, acabava engordando ainda mais. E por outro lado, meu apetite só aumentava. Um efeito rebote de dietas que nunca dão certo.
Além disso, a comida foi minha grande amiga quando tinha crises de bipolaridade. Até que um dia, no auge de blogs pro-ana e pro-mia (uma abreviação para anorexia e bulimia) acabei achando que a bulimia seria uma solução viável para meus problemas, sem entender o que isso significava. Até entendia que se tratava de uma doença mas ideia de que poderia comer grandes quantidades de comida sem engordar era bastante atraente para mim. Bastaria provocar o vômito e tudo daria certo.
No começo sentia que tinha total controle sobre a situação mas… A coisa degringolou de tal maneira que as crises aconteciam mesmo quando comia apenas salada de alface. Eu estava doente.
O sentimento de vergonha era enorme e ainda tinha de lidar com a vontade das pessoas à minha volta de me ajudar, sem saber muito bem como fazer isso. Um cenário que só deixa tudo ainda mais estressante para muitas das pessoas que tiveram ou tem de lidar com a doença. Acabamos por viver escondidas, guardando um “segredo” terrível. É o que me sinto ainda hoje.
Atenção aos sintomas
E durante o tratamento entendi que os sintomas não eram apenas colocar a comida para fora. Um estudo que foi apresentado em 2002 na I Jornada de Transtornos Alimentares e Obesidade do Ambulatório de Bulimia e Anorexia (Ambulim), do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas falou exatamente sobre isso. Foram entrevistadas 47 mulheres entre 18 e 38 anos, portadoras de anorexia e bulimia.
Mas antes de falar sobre sintomas, preciso fazer um alerta.
Não faça nada do que vou dizer aqui achando que você vai emagrecer, só te deixar bastante doente pois pode acontecer de você romper algum órgão interno, ter deficiência de nutrientes, até mesmo morrer. Faz mal até para os dentes. Piora quadros depressivos e de ansiedade.
Quando as pessoas pensam em bulimia, normalmente falam quase que imediatamente da indução do vômito, mas é importante ficar atenta também ao seu comportamente em relação aos exercícios. Entre as pesquisadas, 63% queria perder peso; 60,5% melhorar a forma física e 26,3% manter ou melhorar a saúde. Motivos que isoladamente não dizem muita coisa mas se estiverem associados ao uso de laxantes, diuréticos e de inibidores de apetite após um episódio de compulsão alimentar, devem ser motivo de aleerta.
Como posso praticar exercícios sem piorar a bulimia?
Essa é uma pergunta que tenho me feito todos os dias. Como posso seguir em frente sem ter uma recaída? Lembrando que se você tiver qualquer dos sintomas com frequencia maior ou igual a duas vezes por semana por um período de 3 meses, precisa buscar ajuda. Se esse não é o seu caso e você sente que é melhor prevenir do que remediar, fique o mais alerta possível em relação à cuidados simples que podem te ajudar a colcoar as coisas nos eixos.
É onde me encontro. É preciso estar atenta e forte.
Converse com as pessoas à sua volta sobre o que está acontecendo. Esse é o meio mais eficaz e menos doloroso de lidar com o problema. Apesar da avergonha e do medo.
Não comece (ou continue) um programa de exercícios se estiver em crise. A situação só tende a piorar. Você precisa em primeiro lugar controlar a bulimia para conseguir mexer o corpo sem se colocar em risco. A prática de atividades físicas também precisa ser acompanhada por um profissional capacitado para lidar con transtornos alimentares, afinal tudo que você não precisa nessa hora é de alguém que piore as coisas com comentários e práticas cruéis.
Saia das redes sociais por um tempo. Nem sempre as imagens que são compartilhadas nesses ambientes são inofensivas. A cultura ao corpo considerado perfeito e da prática de exercícios físicos sem qualquer contetualização pode se tornar uma questão muito facilmente na vida de pessoas que lutam contra transtornos alimentares.
Faça um diário alimentar e planeje suas refeições. Isso vai te ajudar a comer nas horas certas, evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e dietas restritivas. Não tenha como objetivo a contagem de calorias, a menos que se sinta completamente à vontade com isso. Pode ser muito mais produtivo e recompensador usar essa ferramenta para criar uma relação de maior proximidade com a comida e não de medo ou ansiedade.
Entenda que descansar também é treinar. Isso também aconteceu comigo. Fiquei tão “focada” em continuar que não percebi que estava me colocando em uma situação bastante complicada. Inclusive a ponto de me machucar. E estava alimentando o transtorno.
Não deixe a balança ao seu alcance. Se tiver o equipamento em casa, deixe em um lugar que você não passa ou vê toda hora. Lembre-se que ela só mostra um número na balança que diz muito pouco sobre sua saúde. É muito melhor ser uma pessoa gorda e feliz, capaz de se movimentar, que uma pessoa que não tem forças nem para se manter de pé por causa da deficiência de nutrientes.
E por hoje isso é tudo pessoal. Espero ter ajudado <3 Fazer exercícios é muito bom mas devemos estar saudáveis para isso. Foque sempre na saúde e não no seu peso.
Referências – https://www.saopaulo.sp.gov.br/eventos/saude-pesquisa-sobre-bulimia-e-anorexia-e-apresentada-em-sao-paulo/