COVID-19 pode torná-lo um pouco paranóica e, claro, doente. Cancelamentos de corrida e uma onda de paranóia podem fazer você questionar seu atletismo ou as razões pelas quais você se move. Permaneça resiliente durante essa pandemia revisando seus objetivos.
Latoya Shauntay Snell (post original em inglês)
Ora, ora, quem é vivo aparece. Muito bem garota, nada como uma semana de confinamento para mudar algumas coisas não é mesmo. Até aquela vontade de nadar voltou e a coceira é tanta que até os pneus da bicicleta você está pensando em encher. Coisa de ariana, só porque não pode, quer.
Durante essa primeira semana de confinamento, uma das coisas que mais tive vontade de fazer foi voltar a escrever aqui. E, para minha surpresa, você continua visitando nossa casinha. Mesmo em tempo de coronavírus. É muito bom saber que a gente escreve e alguém lê de verdade. Muito obrigada. Toca aqui!
E depois de um tempo sem treinar esse corpinho e a mão, fiquei me perguntando sobre o que escrever. O que de fato seria de alguma utilidade nessa hora em que encaramos a mortalidade? Será que faz sentido escrever quando a gente não sabe como pagar o aluguel nos meses seguintes? Em que há tantos comentaristas comentando o que alguns diriam ser o fim do mundo? E fim de mundo para quem?
Acabei me questionando sobr o significado profundo da palavra cuidado
O que é cuidado quando uma parte significativamente grande de nós sequer pode se dar ao luxo de fazer uma quarentena? Quando as trabalhadoras domésticas ainda tem de brigar para que seus patrões entendam que a quarentena não deveria ser um luxo? Quando as pessoas continuam fazendo jornadas impossíveis fazendo uber? Não me sai da cabeça uma matéria sobre um empresário que distribuiu alcool em gel, em frascos de não mais que 200 ml.
Seria um otimismo perigoso e ingênuo acreditar que um evento, ainda que imensamente traumático, fosse capaz de mudar as mentes e corações das pessoas de bem que dirigem esse país. Nem mesmo o aumento praticamente irrefreável das temperaturas globais tem convencido essa gente. Porque uma pandemia faria diferença? Entretanto e a despeito de tantas absurdidades, precisamos minimamente transformar a linguagem em ação e…
(…) onde quer que as palavras das mulheres estejam gritando para serem ouvidas, nós precisamos, cada uma de nós, reconhecer nossa responsabilidade em buscar por estas palavras, lê-las e partilhá-las, e examiná-las em sua pertinência em relação às nossas vidas.
AUDRE LORDE, A transformação do silêncio em linguagem e em ação.
E foi justamente nas palavras e acções de mulheres negra que encontrei o que queria dizer e não conseguia. A gente fala de triatlo, fica outro tempo sem aparecer, volta. Mas o importante mesmo é entender que lá no fundo nada disso é relevante de verdade. Cuidar de si é um ato político que muitas vezes demanda enfrentar a própria morte, disse Audre Lorde. E o modo como você faz isso é apenas uma pequena parte do problema.
Para Ayesha McGowan é a representatividade no ciclismo de estrada (ing). Para Sika Henry é uma prova de meio iron (ing) depois de um terrível acidente. Para mim é a liberdade de movimento da alma, corpo e pensamento., mesmo quando a gente não tem sequer forçar para se levantar. Quando a gente acredita desacreditando e sem nenhuma certeza, segue em frente.
E essa pequena parte que muitas vezes se confunde com o todo pode ser repensada sempre. O nome disso é movimento.
E quando a gente não pode fazer nada disso, vai dar um jeito de fazer mesmo assim. A gente até fica com raiva, tem sentimentos contraditórios, fica mal. Se faz de durona, esconde de si mesmo a fragilidade mais uma vez negada. E segue em frente. E se estrupia no meio do caminho. Não tem outro jeito.
É o jeito.