Agosto é o mês em que comemoro mais um ano sem câncer.
Mas não posso começar essa conversa sem perguntar se você está bem. Sem desejar que a sua família esteja em segurança. Sem compartilhar a dor de tantas perdas. Acredito que mais do que nunca precisamos falar sobre a vida e desejar viver para além da dor. Se você ou alguém que ama está em tratamento agora, quero falar especialmente com você.
Lembro como se fosse ontem do sentimento que me inundou quando recebi meu diagnóstico. Tinha uma única certeza, iria morrer como todos de minha família que passaram por isso. Não acreditei quando disseram que tinha chance. Entretanto, contra todas as expectativas que tinha, estou aqui para dizer (inclusive para mim mesma) que conseguimos.
Mais um ano sem câncer
Mais um ano sem câncer. Minha saudação a quem cuida e olha por mim. Um viva e meus agradecimentos às pessoas que fizeram parte dessa estória. Afinal ninguém sobrevive sozinha. Assim não poderia comemorar, e sou profundamente agradecida por isso, sem pensar em cada pessoa enfretando a doença durante a pandemia. Seus efeitos como o atraso no diagnóstico e a interrupção do tratamento.
Como é escutar as recomendações do Inca, de que é preciso parar as investigações quando tudo o que precisamos é sermos rápidos? E como podemos continuar o tratamento nos casos em que isso é necessário?
A busca pelo diagnóstico no SUS em fase de pandemia
Afinal qual é a melhor decisão numa hora dessas?
Alguns especialistas defendem por exemplo que precisamos seguir atentos tanto ao diagnóstico e tratamento, o que me parece bastante adequado. Tudo isso enquanto mantemos o distanciamento social, para aqueles que tem direito à isso. A charada é como fazer tudo isso quando você precisa esperar durante meses por um resultado. Tem que pegar ônibus lotado para se locomover, para dar um exemplo muito concreto.
Então como existem muitos tipos de câncer, as respostam possivelmente também não é a mesma para todo mundo. Procurar ajuda é muito importante. Assim você poderá avaliar por exemplo se continua com seus exames de rotina agora que está na etapa de acompanhamento. E a melhor maneira de fazer isso sem compormeter sua saúde mental. O que pode ser um desafio.
Mantenha a rotina de cuidados e de luta pelos direitos
O Instituto Oncoguia tem publicado diversas estórias de pacientes ao longo dos anos. Uma das mais recentes foi a de um senhor de 63 anos, André Batista Albuquerque, que tinha dúvidas sobre qual seria o melhor caminho para se tratar durante a pandemia. É aquela velha conversa, a informação pode salvar vidas.
O Canal Ligue Câncer foi essencial para que a decisão certa fosse tomada. Através do acolhimento necessário por exemplo é possível encontrar apoio para enfrentar a doença e entender a importância do isolamento nesse momento. Com todo cuidado que ela demanda inclusive sobre a saúde mental dos pacientes.
O meu desejo é que dê muito certo para você também.
Assim como aconteceu com o Senhor André e com muitas outras de nós. Lembrando que “devemos educar os pacientes sobre como manter a rotina de cuidados e de luta pelos direitos, seja para diagnóstico precoce ou durante as fases de tratamento”.
Além disso “pequenas alterações no estilo de vida (feitas de dentro de casa mesmo) já ajudam demais, como não fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, fazer exercícios, dar preferência a alimentos naturais, manter uma dieta equilibrada e se vacinar”, como orienta a presidenta da Femama, a mastologista Maira Caleffi.
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